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Especialistas alertam sobre os riscos do colesterol alto e seu impacto na saúde vascular

Dia Nacional de Prevenção e Controle do Colesterol busca conscientizar a população a respeito da doença que se manifesta de forma silenciosa

Segundo dados do Ministério da Saúde, quatro em cada 10 brasileiros têm colesterol alto, responsável por originar graves doenças vasculares. Com o objetivo de alertar a população a respeito dos riscos da condição – que na maioria das vezes se manifesta de forma silenciosa – e estimular o monitoramento dos níveis de gordura no sangue, foi estabelecido o Dia Nacional de Prevenção e Controle do Colesterol, celebrado em 8 de agosto.

O colesterol é um tipo de gordura que desempenha funções importantes, como a produção da bile – que ajuda na digestão dos alimentos – e na formação de hormônios como testosterona, estrógeno e a vitamina D. Ele é dividido em duas categorias: o LDL (conhecido como colesterol ruim), que acarreta o acúmulo de placas de gordura ou aterosclerose nas artérias, impedindo o fluxo de sangue aos órgãos, e assim gera o risco de infartos, AVCs, graves úlceras, necroses, gangrena e até a perda do membro. Em pacientes portadores de doença cardiovascular (angina, infarto, derrame cerebral) ou doença nas artérias periféricas, o LDL é considerado alterado quando possui valor maior que 50 mg/dL. Já nos pacientes sem doenças cardiovasculares, é classificado como alto quando os níveis estiverem acima de 70 mg/dL. O HDL (chamado de colesterol bom) atua como um limpador, pois retira o colesterol das artérias e o transporta até o fígado para ser excretado. Neste caso, o seu nível deve ser alto, acima de 40mg/dL.

Por prejudicar diretamente o fluxo sanguíneo, o acúmulo de gordura põe em risco a saúde vascular, como explica o presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular – Regional São Paulo (SBACV-SP), Dr. Fabio H. Rossi. “As placas de gordura originam diferentes doenças, dependendo de onde elas obstruem a circulação. No cérebro, aumentam as chances de derrame. Já no coração, podem causar infarto ou angina (dor no peito). A aterosclerose é perigosa, já que a evolução muitas vezes é silenciosa. Nas artérias da perna há o perigo da formação de trombo, com obstrução parcial ou total do vaso, podendo provocar dor ao caminhar, e até provocando necrose e necessidade de amputação, nos casos mais graves, esse risco é ainda maior nos pacientes diabéticos”.

O presidente da SBACV-SP destaca que a condição é grave mesmo quando ela não tem sintomas. “Na existência de Doença Arterial Periférica, mesmo em assintomáticos, quando o diagnóstico é feito pela observação da redução dos pulsos, ou quando existe diferença na pressão medida nas artérias de braços e pernas – que chamamos de índice tornozelo-braquial – os perigos à saúde são altos. Quando esse índice é menor que 0,9, ele é consideramos um forte marcador de risco de morte cardiovasculares. Aliás, essa possibilidade é de duas a três vezes maior do que na população em geral. A a chance de morte é até maior do que em pacientes que já tiveram infarto previamente”, declara.

De acordo com dados da Pesquisa Nacional da Saúde, a população com 45 anos ou mais, com baixa escolaridade e do sexo feminino apresenta maior prevalência em manifestar colesterol alto. São elas que também acabam sofrendo os impactos na saúde vascular. “A mulher tem as mesmas doenças vasculares que o homem, mas ocorre em média 10 anos depois, ou seja, as mulheres têm a proteção hormonal do estrogênio até a menopausa, período em que o organismo reduz a produção do hormônio”, esclarece o Dr. Rossi.

Segundo o chefe da Seção Médica de Dislipidemias do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, Dr. André Faludi, em relação à idade, a condição pode atingir diferentes faixas etárias, sempre considerando a predisposição genética. “Todas as pessoas acima dos 10 anos de idade devem ser submetidas à avaliação do colesterol e suas frações. Precisa ser analisada a partir dos dois anos de idade quando houver história familiar de doença cardiovascular precoce, história de colesterol alto na família ou se a própria criança apresentar depósitos de gordura na pele ou fatores de risco, como pressão alta, diabetes ou obesidade, e principalmente se for portador de doença cardiovascular”.

Um estilo de vida saudável, com o consumo moderado de alimentos gordurosos e a prática de exercícios físicos, é a principal ferramenta de prevenção da doença. O Dr. Faludi recomenda dar preferência a alimentos de origem vegetal – frutas, verduras, legumes e grãos – e evitar frituras, não fumar e controlar a pressão arterial. “É aconselhado limitar a ingestão de gorduras saturadas, diminuir os alimentos ricos em colesterol, como gema de ovo e fígado, e usar derivados de leite pobres em gordura, a exemplo do leite e iogurte desnatados”.

A visita regular ao médico é fundamental para evitar maiores complicações, principalmente por se tratar de uma doença silenciosa e que pode vir a ser descoberta apenas em cenários onde já não há possibilidades de reversão. “Trata-se de um quadro de saúde silencioso e que a única maneira de saber os níveis de colesterol é por meio do exame de sangue. Esse pode ser um problema, porque quando a doença dá sinais e sintomas isquêmicos o caso já está avançado”, finaliza o Dr. Fabio.