Pacientes oncológicos têm maiores chances de desenvolver trombose

Durante o tratamento é fundamental a avaliação e o diagnóstico de um médico vascular

O Tromboembolismo Venoso (TEV) é muito frequente em pacientes com câncer e pode acometer pessoas de qualquer idade, sendo menos habitual nas crianças. Mesmo assim, ainda é uma complicação pouco discutida. A incidência de casos é de cinco a sete vezes maior do que em pessoas saudáveis, e estima-se que de 4 a 20% das pessoas com câncer irão desenvolvê-lo, sobretudo nas fases iniciais do diagnóstico, no pós-operatório de cirurgias de grande porte, quando o paciente necessitar de internação ou precisar ficar acamado. Apesar disso, e dos inúmeros estudos já realizados, não se sabe bem ao certo porque isso ocorre, provavelmente existe uma origem multifatorial.

Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular – Regional São Paulo (SBACV-SP), Dr. Fabio H. Rossi, os pacientes oncológicos apresentam um estado de hipercoagulabilidade e pró-trombose. As células cancerígenas aparentemente são capazes de ativar a cascata de coagulação e provocar lesão no endotélio (camada celular que reveste interiormente os vasos sanguíneos).

Dr. Fabio explica que os tipos de trombose que a pessoa pode ter são: a Trombose Venosa Profunda (TVP) e a Embolia Pulmonar. A TVP, na maioria das vezes, ocorre no sistema venoso profundo das pernas, que são os vasos responsáveis pelo retorno do sangue para o coração e o pulmão. Quanto maior o volume do coágulo, ou trombo, e mais proximal, em direção a pelve e abdômen, maior a gravidade dos sintomas e o risco de que ele se desprenda, se desloque pela corrente sanguínea e atinja os pulmões. Esse processo é chamado de embolia pulmonar. Outra categoria de trombose é aquela que ocorre nas veias do sistema venoso superficial, e é muito frequente em pacientes que recebem medicamentos por infusão endovenosa nos braços. Em geral, apesar de provocar dor e inflamação no local, ela é menos grave.

Ainda de acordo com o especialista, existem alguns fatores que ampliam ainda mais as chances de a pessoa apresentar trombose, entre eles o tipo do câncer. “Os cânceres de pâncreas, útero, estômago, rins, e tumores cerebrais primários são os que apresentam maior risco. Mas o avanço da idade e algumas comorbidades, como insuficiência renal, doenças respiratórias e cardíacas, obesidade, imobilidade, TEV prévia e infecções, intensificam ainda mais a possibilidade de haver uma trombose”, revela o cirurgião vascular.

Os principais sintomas que precisam ser observados

É muito importante se atentar aos sinais do TEV. A presença de dor, calor, vermelhidão, inchaço ou edema, sobretudo nos membros inferiores, são sinais de alerta, principalmente quando o início é abrupto. “Devemos nos lembrar de que a trombose venosa pode ocorrer em qualquer local do organismo e, dessa forma, dor abdominal, cefaleias e inchaços nos membros superiores também devem ser investigados. A dispneia ou falta de ar súbita, tosse, palpitação e dor torácica, e nos casos mais graves mal-estar, desmaio e queda, e até mesmo a parada cardiorrespiratória súbita, podem ser indicativos de embolia pulmonar”, adverte o médico.

Tratamento

Os anticoagulantes são utilizados para a profilaxia, porém o paciente deve ser informado dos riscos. O acompanhamento com o médico vascular é fundamental, pois é ele que tem maior experiência no manejo clínico da trombose, desde seu diagnóstico até o tratamento. “Os pacientes oncológicos possuem risco aumentado de TEV, e também de sangramento, constantemente necessitam de uso de cateteres, de tratamento quimioterápico, medicamentos para dor e psicotrópicos, de cirurgias de grande porte, tornando o tratamento complexo”, conclui Dr. Fabio.