ARTERIALIZAÇÃO VENOSA SUPERFICIAL COM VEIA SAFENA MAGNA IN SITU: EXPERIÊNCIA DE UM ÚNICO CENTRO
Autores: Karlene Thayane Barros da Silva, Marcos Antonio Bonacorso Manhanelli Filho, José Francisco Moron Morad, Fábio Linardi e José Augusto Costa
Instituição: Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde da PUC-SP
Introdução: A arterialização venosa superficial foi realizada primeiramente por Halstead e Vaughan em 1912. Trata-se de uma tentativa de levar sangue arterial por meio do sistema venoso, por via retrógrada, para regiões de isquemia com intuito de melhorar a perfusão periférica e promover cicatrização de lesões. A reversão do fluxo nos capilares melhora a nutrição tecidual, aumenta o fluxo nas colaterais existentes e estimula a angiogênese. A técnica é indicada para salvamento de membro em pacientes com quadro de isquemia crítica, os quais apresentam leito distal ausente que impossibilite as opções cirúrgicas habituais.
Objetivos: Apresentar os resultados obtidos com a arterialização venosa superficial, utilizando a veia safena magna in situ e avaliar o impacto desta técnica na preservação do membro.
Materiais e métodos: Trata-se de um estudo transversal de 16 pacientes submetidos à arterialização venosa superficial com veia safena in situ para salvamento de membro entre 2016 a 2021. A média da idade da amostra populacional foi de 61,7 anos, com variação de 33 a 79 anos. Houve predominância do sexo masculino que atingiu 75% (12/16).
A doença associada mais prevalente foi a hipertensão arterial sistêmica HAS (62,5%) e o tabagismo foi o fator de risco mais prevalente (68,7%). A doença arterial obstrutiva periférica (DAOP) foi a mais prevalente (68,75%), seguida por oclusão arterial aguda OAA (18,75%) e tromboangeíte obliterante – TAO
(12,5%). Dentre os pacientes com DAOP, 81,82% (11) apresentavam lesão trófica bem delimitada; 18,18% lesão extensa. Todos os pacientes com TAO e um paciente com OAA apresentavam lesão trófica bem delimitada, localizada em hálux ou em pododáctilo. Os outros dois pacientes com OAA, a clínica era somente de dor e frialdade no membro há mais de duas semanas. O tempo para o surgimento dessas lesões variou de sete dias a seis meses, em média 82,5 dias. Em todos os pacientes foi realizado estudo angiográfico que evidenciou ausência de leito distal que possibilitasse cirurgia convencional.
Resultados: Dos 16 pacientes submetidos à arterialização, quatro (25%) pacientes foram submetidos à amputação maior (transfemoral) durante a mesma internação. Dentre os outros 12 pacientes, um evoluiu com melhora da dor em repouso e os demais foram submetidos a amputações menores (pododáctilos ou antepé). Após um ano de seguimento, um paciente foi submetido à amputação maior (transfemoral) no sexto mês, e os demais apresentavam boa evolução com cicatrização das amputações menores.
Conclusão: A arterialização venosa superficial com veia safena magna in situ, apresenta bons resultados em casos selecionados. É uma alternativa válida para preservação do membro na impossibilidade de revascularização convencional.
Comentador: Dr. Rodrigo Bruno Biagioni
(Médico assistente do Hospital do Servidor Público Estadual; Mestrado pela Unifesp e doutorado pelo Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein; e Membro titular da SBACV e SOBRICE