Revistas médicas, incluindo o nosso JVB, precisam se preparar e se adequar a esta nova tecnologia
Por *Winston Bonetti Yoshida
Com o desenvolvimento da Inteligência Artificial (IA) nos últimos anos, vem crescendo sua utilização nas mais variadas situações. Uma delas é na produção de conteúdo editorial em revistas científicas. Com o avanço técnico desta ferramenta, fica difícil saber se o conteúdo foi criado por um ser humano ou por um robô.
Vários aplicativos foram criados para detectar se o conteúdo foi gerado por IA ou não (https://niara.ai/blog/deteccao-conteudo-ia/), mas estes não são totalmente eficientes. O problema é que o ChatGPT tem capacidade de gerar textos científicos fluentes e bem escritos, que são indistinguíveis dos textos gerados por seres humanos, e difíceis de serem detectados por ferramentas especializadas.
Várias revistas de prestígio têm estabelecido que, embora textos científicos gerados por IA possam ter qualidade, a IA não pode ser considerada como autora ou coautora dessas produções. Eventualmente, revisões de submissões poderão ser realizadas por IA, e algoritmos para condutas médicas mais apropriadas também poderão ser gerados por IA. Porém, sua acurácia e aplicabilidade precisam ser conferidas por seres humanos antes de qualquer validação. O problema é o mal uso da IA, relacionado com fraudes e plágios.
Algumas revistas internacionais têm proposto que o uso de IA deve ser declarado pelos autores nas submissões, e há outras que não aceitam seu uso em textos, figuras, imagens e gráficos (doi: 10.1136/leader-2023-000797). Além disso, a IA não deve invadir, sem consentimento, informações pessoais e a privacidade dos pacientes.
Recentemente, o SciELO fez uma enquete sobre IA entre os editores, perguntando sobre seu uso em triagem de submissões, avaliação de manuscritos, declaração de uso em redação científica e uso em traduções de artigos. Revistas médicas, incluindo o nosso Jornal Vascular Brasileiro, precisam se preparar e se adequar a esta nova tecnologia. Estamos avaliando os diversos pontos levantados pelo SciELO, além de testar aplicativos de detecção de IA, com o objetivo de aperfeiçoar e atualizar nossas normas.
Dr. Winston Bonetti Yoshida
Editor-chefe do JVB