SBACV-SP reforça a conscientização para o diagnóstico e tratamento do Lipedema

Doença que atinge aproximadamente 12,3% da população feminina adulta no Brasil tem influência genética e hormonal. À medida que a condição progride, pode levar a problemas de mobilidade, dificuldades na marcha e, em casos mais avançados, atrofia muscular

lipedema

Junho é o Mês Mundial da Conscientização do Lipedema, uma doença crônica e progressiva que se caracteriza pelo depósito desproporcional de gordura principalmente nas pernas, mas também nos braços. O acúmulo de gordura em determinadas regiões do corpo pode estar relacionado ao sobrepeso e à obesidade. Porém, também existe a possibilidade da associação com o Lipedema, um problema vascular que, segundo um levantamento publicado pelo Jornal Vascular Brasileiro, atinge aproximadamente 12,3% da população feminina adulta no Brasil.

O Lipedema é pouco difundido, mas recentemente ganhou destaque após várias celebridades compartilharem seus diagnósticos, pois a condição também afeta a estética e a autoestima. Segundo o cirurgião vascular e membro do departamento de Doenças Linfáticas da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular – Regional São Paulo (SBACV-SP), Dr. Mauro Figueiredo Carvalho de Andrade, a doença é evolutiva e, normalmente inicia na região do quadril e nádegas, podendo atingir a coxa e as pernas. “Não é muito claro o mecanismo exato dessa lesão linfática, mas ela é progressiva conforme a doença evolui. Outra alteração comum é a presença de insuficiência do sistema venoso nessas pacientes, com piora do retorno venoso dos membros inferiores, por varizes ou por mau funcionamento da musculatura, que é importante para impulsionar o sangue”, alega.

As mulheres em idade de reprodução, desde a puberdade até a fase de mudanças hormonais com o início do climatério, são as mais atingidas. Além da desproporção da distribuição da gordura, o Lipedema causa desconforto, equimoses a mínimos traumas, edema e sensibilidade à pressão e dor nas áreas afetadas. À medida que a condição progride, é possível levar a problemas de mobilidade, dificuldades na marcha e, em casos mais avançados, lesões nas articulações e atrofia muscular.

O diagnóstico da doença é clínico, e cabe ao profissional detectar a suspeita. “Não existem exames que marquem a presença do Lipedema antes que ele seja clinicamente observável. Os exames de imagem (ultrassom, tomografia, cintilografia linfática, bioimpedância, Doppler Vascular e, em alguns casos, ressonância magnética) servem para diagnóstico onde há suspeita de associação de problemas. O fator genético tem um grande peso para o diagnóstico, já que grande parte dos pacientes apresenta histórico familiar”, informa o vascular.

Por não haver cura, o tratamento é feito visando aliviar os sintomas, evitar agravamentos e trazer mais qualidade de vida. Uma das recomendações é o uso das meias de compressão, sugestão que, de acordo com Dr. Mauro Andrade, às vezes é recebida com relutância. “Parte dos pacientes reluta em utilizá-las por experiências prévias malsucedidas devido a prescrições inadequadas”, observa. “Elas normalmente são usadas para o tratamento de edemas de membros inferiores (em doenças venosas não avançadas, por exemplo) e são tecidas com malhas circulares. Em pacientes com Lipedema, o uso recomendado – aliado ao acompanhamento médico – é de meias elásticas com baixo estiramento (menor elasticidade), obtidas quando o material da fabricação é a malha plana. É um tipo de tecido menos extensível, mais robusto, confortável e se adapta melhor ao formato do membro afetado”, esclarece o médico.

Atividades físicas, como exercícios aeróbicos, caminhada e natação, são ferramentas para o controle do Lipedema. “O importante é que os exercícios sejam de intensidade progressiva e, no início, sob a supervisão de profissional educador físico ou fisioterapeuta”, ressalta o profissional, que também destaca o cuidado com a alimentação. “As dietas restritivas não têm efeitos na redução do acúmulo da gordura do Lipedema e, inclusive, pioram a desproporção corporal. Ainda assim, recomenda-se fortemente aos pacientes que mantenham o peso ideal. Há relatos de determinadas dietas, chamadas anti-inflamatórias, que proporcionam um melhor controle dos sintomas, mas ainda sem evidência científica suficiente para sua indicação”, afirma.