Estratégia ajuda médicos e instituições a transformarem práticas de mercado em eficiência, qualidade assistencial e melhores resultados clínicos

Em um cenário em que novas tecnologias, protocolos e dispositivos surgem a cada ano, o cirurgião vascular precisa de ferramentas que o ajudem a se manter atualizado sem perder o foco no paciente. O benchmarking surge justamente nesse contexto: observar práticas de excelência em outros serviços, comparar resultados e transformar esses aprendizados em melhorias concretas na rotina assistencial.

Essa ferramenta permite que os cirurgiões vasculares transformem observação em ação, melhorando protocolos, otimizando recursos e garantindo uma prática clínica mais eficiente e segura para os pacientes. Acompanhar o que outros centros de referência estão fazendo bem — e adaptar essas práticas à realidade do seu serviço — pode ser um caminho estratégico para otimizar fluxos cirúrgicos, reduzir complicações, melhorar a utilização de Órteses, Próteses e Materiais Especiais (OPME) e aprimorar a experiência do usuário do serviço de saúde. O benchmarking mantém hospitais e clínicas vasculares competitivos ao aprender com o mercado, sem perder sua identidade.

De acordo com o especialista em gestão de negócios para a área de saúde, Dr. Éber Feltrim, o benchmarking vai muito além da simples comparação. “O benchmarking não significa copiar. É uma ferramenta de aprendizado que ajuda as instituições a entenderem como podem se tornar melhores sem perder sua identidade”, explica. Clínicas e hospitais que adotam essa estratégia conseguem identificar tendências, otimizar processos e implementar inovações que impactam diretamente a prática vascular, incluindo protocolos para aneurismas, fluxos em salas híbridas e manejo de isquemia crítica.

Em um setor tão dinâmico quanto a saúde, onde a busca por eficiência e qualidade é constante, o benchmarking se torna fundamental para manter-se relevante. Segundo Feltrim, o processo começa com a análise de empresas de referência, nacionais ou internacionais, abrangendo desde a gestão financeira até o atendimento ao paciente. “A ideia é entender o que funciona bem nos concorrentes e avaliar como adaptar essas práticas ao contexto específico da instituição”, afirma.

Estudos da Fundação Getulio Vargas (FGV) reforçam o impacto do benchmarking: organizações de saúde que aplicam essa metodologia regularmente registram até 15% de aumento na eficiência operacional e redução significativa de custos. Para cirurgiões vasculares, isso se traduz em maior precisão na programação cirúrgica, melhor controle do tempo de sala e redução de riscos para os pacientes.

Aplicação prática do benchmarking

Feltrim aponta que o benchmarking pode ser aplicado em diversas áreas, incluindo atendimento ao paciente, tecnologia, processos administrativos e comunicação interna. “Muitas clínicas e hospitais estão utilizando ferramentas digitais para melhorar o agendamento de consultas e o acompanhamento pós-atendimento. Esses sistemas reduzem filas, melhoram a experiência do paciente e aumentam a produtividade da equipe”, explica.

Outro ponto essencial é a análise de indicadores de desempenho, como taxa de retorno de pacientes, tempo médio de atendimento e índice de satisfação. “Esses dados ajudam as instituições a identificar gargalos e corrigir falhas antes que comprometam a qualidade do serviço”, completa.

O relacionamento com o paciente também merece atenção: “Clínicas que estabelecem vínculos sólidos com os pacientes tendem a registrar maior fidelização. Observar como os concorrentes fazem isso pode trazer insights valiosos.”

Benchmarking além da concorrência

Embora seja natural focar nos concorrentes diretos, Feltrim sugere ampliar o olhar para outros setores, como empresas de tecnologia, em termos de automação e inovação. “O importante é estar aberto a adaptar essas práticas ao contexto da saúde”, afirma.

Ele reforça que o benchmarking não é pontual, mas uma estratégia contínua: “O mercado está em constante evolução. O que funcionou ontem pode não ser suficiente amanhã. Por isso, é fundamental monitorar e revisar continuamente os processos”.

Para Feltrim, o sucesso do benchmarking está na capacidade de transformar aprendizado em ação. “Não basta observar o mercado. É preciso aplicar as lições de forma estratégica e mensurar os resultados. Quando feito corretamente, o benchmarking se torna um motor de inovação e crescimento”, conclui.

As cinco fases do benchmarking na Cirurgia Vascular

Planejamento: identificar processos críticos — como protocolos de revascularização, fluxo de internação ou utilização de stents — e definir indicadores, metas e instituições de referência para comparação.

Análise de dados: comparar resultados de centros de excelência, identificando lacunas em desfechos clínicos, tempos de procedimento, taxas de complicações ou retorno hospitalar.

Integração: compartilhar achados com toda a equipe médica e de enfermagem, garantindo comprometimento e planejamento das mudanças de forma alinhada à cultura do serviço.

Ação: implementar melhorias específicas, como novos protocolos cirúrgicos, fluxos de atendimento, checklists de segurança ou softwares de monitoramento de OPME, acompanhando resultados e recalibrando estratégias quando necessário.

Maturidade: quando as práticas se tornam rotina e geram resultados consistentes, o serviço alcança maior eficiência, segurança e qualidade assistencial, consolidando o benchmarking como ferramenta contínua de inovação.

Dr. Éber Feltrim