Tromboangeíte obliterante: doença vascular relacionada ao tabagismo ameaça jovens fumantes
Condição afeta principalmente as artérias de pequeno e médio calibre nos membros superiores e inferiores. Sintomas começam com claudicação intermitente e podem evoluir para isquemia
A tromboangeíte obliterante (TAO), também conhecida como doença de Buerger, é uma condição inflamatória grave, associada ao tabagismo, que afeta principalmente as artérias de pequeno e médio calibre nos membros superiores e inferiores. Com a proximidade do Dia Nacional de Enfrentamento ao Fumo, celebrado em 29 de agosto, é essencial destacar a importância de parar de fumar. A data serve como uma oportunidade para reforçar a necessidade de abandonar o tabaco, ajudando a diminuir significativamente o risco de doenças graves como a TAO.
De acordo com a cirurgiã vascular e diretora da Seccional Campinas da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular – Regional São Paulo – SBACV-SP, Dra. Márcia Fayad Marcondes de Abreu, “a TAO tem um impacto expressivo na saúde dos jovens, sendo a segunda principal causa de obstrução crônica dos membros inferiores, manifestando-se geralmente em tabagistas entre 20 e 45 anos.”
Além disso, Dra. Márcia declara que, “embora inicialmente descrita como uma doença predominantemente masculina, cerca de 20% dos casos hoje envolvem mulheres, refletindo o aumento do tabagismo feminino”. Nesse contexto, é importante observar que a exposição ao tabaco é uma ameaça tanto para o surgimento quanto para a progressão da TAO, configurando-se como o principal fator de risco.
Apesar de numerosos estudos, a causa genética da TAO ainda não foi identificada. Assim, o diagnóstico diferencial deve considerar outras condições, como a doença arterial periférica de origem aterosclerótica e diversas vasculites, especialmente quando os membros inferiores estão afetados.
Segundo a Dra. Márcia, os sintomas da TAO podem variar conforme o grau e a localização da oclusão arterial. Frequentemente, a condição começa com claudicação intermitente e pode evoluir para isquemia crítica. Os sinais incluem dor em repouso, palidez, cianose, hipotermia, úlceras e lesões necróticas. Além disso, a tromboflebite migratória, que ocorre em até 50% dos casos, é um sinal clínico importante. A doença pode se manifestar de forma assimétrica e, em aproximadamente 25% dos casos, acometer simultaneamente membros superiores e inferiores.
Para o diagnóstico de TAO são utilizados critérios clínicos e exames de imagem, como o Eco Doppler Arterial, que é preferido por ser não invasivo. Em casos que requerem intervenção cirúrgica, a angiografia pode ser indicada.
O tratamento da TAO exige a cessação completa do tabagismo, tanto ativo quanto passivo, sendo essa a única medida comprovadamente eficaz para prevenir a progressão da doença e reduzir o risco de amputação. O abandono do tabaco deve ocorrer o mais cedo possível para melhorar o prognóstico, e é recomendável que pacientes e familiares participem de terapias de apoio ao abandono do tabagismo.
Atualmente, não existem tratamentos medicamentosos específicos para a TAO. Em casos de isquemia crítica, podem ser utilizados agentes vasodilatadores para aliviar os sintomas. No entanto, terapias com anticoagulantes e antiagregantes plaquetários não têm se mostrado eficazes na prevenção da progressão da doença. Para controlar a dor intensa, pode ser necessário o uso de analgésicos mais potentes e, em alguns casos, medicamentos que ajudem a gerenciar a dor crônica.
Por fim, a Dra. Márcia alerta que a revascularização é raramente indicada devido à natureza segmentar e difusa das lesões. “O prognóstico para pacientes com TAO em relação à perda de membros é mais severo quando comparado a outras doenças vasculares. Isso reforça a necessidade urgente de conscientização sobre os riscos do tabagismo e a importância de medidas preventivas, especialmente com a aproximação do Dia Nacional de Enfrentamento ao Fumo”, conclui.