Hiperidrose

Hiperidrose é uma doença em que os pacientes suam excessivamente, mais do que as necessidades naturais do corpo.

Não é conhecido o mecanismo que causa este excesso de suor nem as causas desta sudorese excessiva.

O suor excessivo pode ocorrer em qualquer parte do corpo. As mãos, os pés, as axilas e a face são os locais mais acometidos. Em apenas 10% dos casos a hiperidrose acomete apenas um local. Na maioria das vezes os pacientes apresentam dois ou três pontos de sudorese.

A hiperidrose se manifesta em crises incontroláveis e geram um sentimento de embaraço que, frequentemente, é seguido de uma forte ânsia de escapar da situação que os originou. Todo este quadro caracteriza uma situação denominada “fobia social”.

Incidência:

A hiperidrose é uma doença muito frequente, ocorrendo em aproximadamente 3% da população. Diante disso,, essa doença, de causas ainda desconhecidas, atinge atualmente, mais ou menos, 15 milhões de pessoas apenas no Brasil.

A hiperidrose costuma aparecer em indivíduos da mesma família. Metade dos portadores de hiperidrose tem algum parente de 1º grau com a doença. 

As pessoas obesas suam mais do que outras vítimas da doença. 

TRATAMENTO

Até alguns anos esses indivíduos não podiam ser tratados, mas hoje, com a disponibilidade de medicação e de cirurgia especializada, o sucesso no tratamento é possível.

TRATAMENTO CLÍNICO

Inúmeros tratamentos clínicos para a hiperidrose foram utilizados até 2007, mas todos eles eram apenas paliativos e de efeito temporário ou mesmo nulo.

Em 2007, uma droga anticolinérgica (cloridrato de oxibutinina), até então apenas utilizada para o tratamento de incontinência urinária, passou a ser utilizada para o tratamento da hiperidrose com bons resultados. Por volta de 70% dos pacientes com hiperidrose têm bons resultados com essa medicação. Trata-se de medicação de uso contínuo, que deve ser prescrita sob orientação médica. 

Hoje em dia, a menos que o paciente apresente alguma contraindicação para o uso dela, é considerado o tratamento inicial.

A oxibutinina usada em baixas doses (sob acompanhamento médico), gera grande melhora na qualidade de vida dos pacientes por diminuir a sudorese em todos os pontos de hiperidrose em mais de 70% dos casos.

Outras opções não cirúrgicas para o tratamento da hiperidrose incluem: tratamentos dermatológicos pela aplicação de soluções ou cremes adstringentes; a iontoforese (banhos elétricos com água salgada na área afetada), que pode reduzir o suor em áreas específicas, mas apenas por um período de seis horas a uma semana; a injeção de toxina da bactéria “Botulinus” (Botox) sob a pele, que pode funcionar por quatro a seis meses.

Quando o tratamento clínico não funciona, aí o tratamento cirúrgico é aventado.

TRATAMENTO CIRÚRGICO

Em 1926 foi desenvolvida a operação para correção de hiperidrose: a simpatectomia, que consiste na retirada ou  destruição de uma porção específica da cadeia simpática (uma cadeia nervosa que corre sobre toda a coluna), responsável pela inervação das glândulas de suor das mãos, axilas e rosto.

Há 25 anos, com a utilização de novas técnicas de videocirurgia, se desenvolveu um procedimento efetivo e minimamente invasivo. 

A técnica tem precisão anatômica, além de ser cosmeticamente aceitável e associada a baixos índices de complicações.

Indicação:

A decisão com relação à cirurgia depende inteiramente do nível de aflição sofrido pelo paciente e do conhecimento dos riscos dela.

Os efeitos esperados do procedimento devem ser contemplados com os riscos de complicações e efeitos colaterais. 

Cirurgias torácicas prévias, obesidade, idade avançada e outras doenças associadas reduzem as chances de sucesso da operação e aumentam o risco de complicações.

Técnica:

A operação sempre conta com dois médicos, cada qual em sua especialidade (cirurgiões vasculares e torácicos). O método aplicado conta com a utilização do bisturi harmônico e de incisões plásticas que praticamente não deixam cicatrizes. 

A operação é realizada com anestesia geral. Dois instrumentos endoscópicos, do diâmetro aproximado de um lápis (0,5 cm), são introduzidos na cavidade torácica. Um deles tem uma câmara de TV embutida, mostrando as estruturas com nitidez, iluminação e precisão e, no outro, são introduzidos os instrumentos cirúrgicos. 

O pulmão é deslocado para baixo e a cadeia simpática, que fica sobreposto às costelas ao lado da coluna, é identificada. A cadeia é então ressecada ou termocoagulada. 

Hoje em dia, os lados são operados em dois atos cirúrgicos. O procedimento dura cerca de 20 minutos para cada lado em 90% dos casos.

Esquema da cadeia simpática dentro do tórax

Esquema da cadeia simpática dentro do tórax

RESULTADOS E EFEITOS:

Mais de 95% experimentaram alívio do suor das mãos, axilas e face. 

As complicações cirúrgicas são pouco frequentes (menos do que 1%), e, quando ocorrem, geralmente não são graves nem acarretam risco de vida aos pacientes. 

O grande problema dessa cirurgia é a HIPERIDROSE COMPENSATÓRIA, um efeito colateral presente em quase todos os pacientes em maior ou menor intensidade.

Hiperidrose compensatória:

É o suor em excesso que aparece em regiões em que antes da cirurgia não transpiravam (as mais comuns são barriga, costas e peito). 

Ainda não se sabe o motivo deste fenômeno. 

Felizmente, a maioria das pessoas sua nestas regiões numa intensidade que pouco incomoda, mas uma minoria (que pode variar de 1 a 5%) tem sudorese nesses territórios em um volume igual ou pior do que aquele na área inicial; esses indivíduos, por vezes, precisam trocar de camisa algumas vezes por dia, de tão intensa a sudorese que pode surgir no tronco.   

Infelizmente, não há (pelo menos ainda) como saber quem fará parte desta (pequena) parcela; por esse motivo, sempre no pré-operatório da cirurgia, os doentes são questionados se aceitariam o risco de trocar o suor (das mãos, por exemplo) pela mesma quantidade de transpiração na barriga, no peito – ou em outros lugares. Este efeito (hiperidrose compensatória) não ocorre no uso das medicações para sudorese excessiva.

Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular – Regional São Paulo – Departamentos e Comissões
https://sbacvsp.com.br/departamentos-e-comissoes/

Consensos & Atualizações

Tromboembolismo Venoso

Consenso e Atualização na Profilaxia e no Tratamento do Tromboembolismo Venoso EDITORES DR. MARCELO CALIL BURIHAN DR. WALTER CAMPOS JÚNIOR

Pé Diabético

Consenso no Tratamento e Prevenção do Pé Diabético EDITORES DR. MARCELO CALIL BURIHAN DR. WALTER CAMPOS JÚNIOR

Ecografia Vascular (IVC)

Consenso sobre Duplex Scan (Ultrassom Doppler Colorido) para Avaliação da Doença Venosa Crônica dos Membros Inferiores REALIZAÇÃO Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular – Regional São Paulo (SBACV-SP). Colégio Brasileiro de [...]

Atualização IVC

Atualização no Tratamento da Insuficiência Venosa Crônica de Membros Inferiores EDITORES DR. FÁBIO HENRIQUE ROSSI DR. MARCELO CALIL BURIHAN DR. WALTER CAMPOS JÚNIOR

Insuficiência Venosa Crônica (IVC)

Consenso no Tratamento da Insuficiência Venosa Crônica de Membros Inferiores DR. RONALD LUIZ GOMES FLUMIGNAN | CRM-SP 124.783 Professor Adjunto da disciplina de Cirurgia Vascular e Endovascular da Escola Paulista de Medicina [...]